quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

APRESENTAÇÃO - 1° encontro 2022.1

No nosso 1° encontro (12/01/22) do curso, apresentamos o projeto de ensino, pesquisa e extensão Investigações Fotográficas, que acontece desde 2013, no CAp-UFRJ. 

O projeto de Ensino, Pesquisa e Extensão INVESTIGAÇÕES FOTOGRÁFICAS se propõe a ser um campo de investigação/reflexão de procedimentos fotográficos – históricos, artesanais, analógicos e digitais – na construção de poéticas artísticas e formadoras em relação com o ensino da arte. Destina se à reflexão sobre a relação entre o processo educativo e a fotografia, a arte, as tecnologias e a produção e circulação da imagem fotográfica no cotidiano e na contemporaneidade.

Hoje com a grande disponibilidade de câmeras fotográficas - celulares, e com a difusão das redes sociais (WhatsApp, Facebook, Instagram, Pinterest...) estamos diariamente consumindo e produzindo um número enorme de imagens. Sobre esta questão, o cartunista brasileiro André Dahmer, em uma das suas tirinhas da série dos “quadrinhos dos anos 10”, faz uma sátira singular comparando três gerações e suas quantidades de registros. O personagem de 86 anos, Augusto, tem 3 fotos de infância, já o personagem de 25 anos, Bruno, tem 46 fotos de infância, e a personagem de 10 anos, Alice, tem 26.678 fotos de infância.



A charge nos faz refletir sobre o grandioso número de fotografias que produzimos hoje. Na mesma reflexão podemos pensar o trabalho do artista holandês Erik Kessels (24 hrs in photo, 2011) que durante 24 horas imprime todas as fotografias que são publicadas em apenas um dia, em um site de compartilhamento de imagens, o Flickr. O resultado é um mar de imagens que toma toda a galeria, do chão as paredes.



Em uma de suas entrevistas, ele diz: “Quando você faz o download e tem um milhão de imagens em um servidor, isso não é impressionante, mas quando você imprime e coloca todas em um único espaço, é quando isso realmente impressiona você".

Indo na contramão dessa fotografia altamente desenvolvida, tecnologizada e com alta (re)produção, existem diversos artistas e educadores retomando processos históricos, alternativos e artesanais nos seus trabalhos. Processos desenvolvidos lá no século XIX, que foram esquecidos por conta do desenvolvimento acelerado da fotografia, mas que posteriormente, com o passar dos anos, foram sendo resgatados e retomados. 

Aqui no Brasil, temos nos anos 60-70 a fotógrafa e artista Regina Alvarez (1948-2007), que ao viajar para o exterior para estudar fotografia, conheceu a técnica denominada Pinhole e ao retornar ao país passou a utilizá-la com fins educativos e como forma, naquele momento, de democratizar o ensino da fotografia (a partir da produção de câmeras artesanais).


As Pinholes se aproximam das primeiras pesquisas de câmeras desenvolvidas, pois tem em comum a imprevisibilidade da imagem, o longo tempo de exposição e a artesania do fazer da própria câmera. Trata-se também de produzir uma imagem por meio de um dispositivo, porém, antes disso, construir o próprio dispositivo, apreendendo nesse processo as relações entre a captura da luz e a produção de imagens. No Brasil existem diversos artistas que trabalham com a fotografia artesanal atualmente, são eles: Miguel Chikaoka, Dirceu Maués, Rosa Bunchaft, Denise Cathilina entre outros. Ambos além de utilizarem as técnicas artesanais para suas pesquisas enquanto artistas, também utilizam esses saberes nas suas vivências como arte-educadores.

Oficina de Câmara Escura com Miguel Chikaoka.
Projeto Fotoativa-Ver-O-Peso. Solar da Beira, Belém-PA, 2000.

Observando pela Câmara Escura.
Oficina Investigações Fotográficas. CAp-UFRJ, 2017.
Foto: Acervo Projeto









Nos nossos próximos encontros mergulharemos no universo da Antotipia, Fitotipia e Cianotipia.


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